novembro 08, 2011

Aprendendo a investir...Professor: Warren Buffett.

Sempre ouvimos que um bom investimento é aquele que a gente compra barato e consegue vender supervalorizado. E quando paramos a pensar, faz um grande sentido. Mas, por incrível que pareça, nem todos pensam desta forma e acabam fugindo de bons investimentos quando estes estão baratos.
É este comportamento que vemos dos investidores quando a bolsa despenca e tudo fica barato. O que a maioria faz? Vendem suas posições, vão para aplicações mais "seguras" e esperam a bolsa subir, para ai sim comprar.
Pois ai vai uma lição do 3º homem mais rico do mundo: enquanto a maioria das bolsas mundiais sofrem diante dos cenários de crise, no terceiro trimestre do ano, Warren Buffett e seu fundo de investimentos Berkshire Hathaway  desembolsaram US$ 20,9 bilhões, maior valor para o período nos últimos 15 anos. Somente em ações, as aquisições somaram US$ 7 bilhões, quase o dobro dos US$ 3,6 bilhões investidos no segundo trimestre e oito vezes mais do que os aportes de US$ 835 milhões nos três primeiros meses do ano. Nesse período, Buffett também arrematou US$ 5 bilhões em papéis e garantias do Bank of America e adquiriu a Lubrizol por US$ 9 bilhões.
Pra quem não conhece Warren Buffett, basta uma rápida pesquisa na internet para conhece-lo. Avesso a unanimidade, autor de frases como: "Diversificação é uma proteção contra a ignorância e não faz muito sentido para aqueles que sabem o que estão fazendo" e a que mais gosto, "A maioria das pessoas se interessa por ações quando todo mundo está interessado. O momento de interessar-se é quando ninguém mais se interessa. Não se ganha dinheiro comprando o que é popular", Buffett sempre cultivou a imagem do tipo que anda com roupas amarfanhadas, vive em uma casa modesta e frequenta supermercados atrás de liquidações relâmpagos. O que de fato, representa 100% sua realidade.
Mas ao contrário do que muitos pensam, Buffett não age através de seu 6º sentido, como muitos acreditam. Ele é um investidor inteligente, com raro faro de oportunidade, sempre atento as melhores oportunidades, uma raposa na arte de ganhar dinheiro e obviamente um gênio da raça entre os homens de negócios.
Será que é tão difícil agir desta maneira? Vamos refletir um pouco e olhar nossas aplicações neste momento. Você esta comprado no que? A bolsas estão baratas, os imóveis caros. Os juros estão caindo, a inflação subindo. Qual você acha que seria o melhor investimento agora? Poupança? Ações? Imóveis?
        Claro que esta decisão cabe somente a quem conhece seu próprio risco, mas é o caso de se pensar: Buffett está errado?

outubro 26, 2011

CNI – Encontro Nacional da Indústria 2011

CNI – Encontro Nacional da Indústria 2011

Bom evento até agora, para se atualizar e debater. Promete muito.

Estou acompanhando.

Marcelo

junho 04, 2011

PIB 1T11

Daniel Passos Miraglia*

O crescimento de 4,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010 veio em linha com as expectativas do mercado e reforça a projeção de um crescimento acumulado no ano de 2011 entre 3,5% e 4%. O resultado do PIB no primeiro trimestre de 2011 ainda não reflete inteiramente as medidas de aperto monetário adotadas pelo BACEN desde o inicio de 2011. A alta da Selic, que saiu de 10,75% no inicio do ano para os atuais 12%, as medidas de restrição ao crédito e aumento do compulsório demoram algum tempo para aparecer com mais clareza nos números do PIB. Isso deverá ser verificado com mais intensidade no PIB do segundo e do terceiro trimestre do ano.

O BACEN tem sido eficiente na tarefa de trazer as expectativas de inflação para os próximos 12 meses de volta para o centro da meta que é de um IPCA de 4,5% ao ano. Apesar destas mesmas expectativas ainda estarem em 5%, elas vem caindo com consistência. Já existe, portanto, uma sinalização de que o pior do aperto monetário pode ter ficado para trás, restando talvez mais 0,25% ou 0,5% de alta na Selic até que o ciclo esteja completo. O grande risco para a inflação agora são os dissídios coletivos que ficam concentrados no segundo semestre do ano e que podem trazer um alto nível de indexação da inflação verificada nos últimos 12 meses. Os empresários não tem margem suficiente para absorver os aumentos que serão concedidos nos dissídios sem repassar isso aos preços finais e temos, portanto, um risco real de reindexação de preços e salários na economia brasileira.

É interessante notarmos que os níveis de crescimento do PIB verificados em 2010, de 7,5%, não são sustentáveis sem um aumento expressivo dos índices de inflação. Isso reforça a tese de que o crescimento potencial da economia brasileira ainda se encontra entre 4% e 5% ao ano. Para que o PIB potencial (taxa de crescimento sem inflação) do Brasil suba será necessário enfrentar com seriedade as reformas fiscal e tributária, pois isso aumentaria de forma significativa a produtividade da economia brasileira, possibilitando maior crescimento da oferta para suportar um incremento maior que 5% na demanda.

* Bacharel em Economia pela FEA-USP.Premiação: Excellence Prize de Economia USP 1994 - 1º prêmio conferido pelaFaculdade de Economia e Administração da USP por melhor tese de Bacharelado,com o Tema: "Plano Real: Origens e Perspectivas". Especialização emFinanças e Private Banking pela Euromoney Institute of Finance. Possui mais de18 anos de experiência profissional no mercado financeiro e 4 anos em cargos deliderança no setor real da economia. Trabalhou na Banespa S/A Corretora de Câmbiose Títulos (Economista); Lloyds Bank plc. (Divisão de Investimentos); BancoSafra S/A (Trader posição proprietária offshore, englobando investimentos nosEUA, Europa, Brasil, Rússia, Venezuela e México); Produtora O2 Filmes (Diretor/CFO);Estúdios Mega (Diretor/CFO); Banco Safra S/A (Tesouraria - Área de capitalpróprio do banco). Atualmente é Professor de Finanças, de Economia e de Matemáticae Estatística Aplicada, Consultor e Sócio da Eyesonfuture (Empresaespecializada em cenários e estratégias empresariais) e Wealth ManagementAdvisor.

maio 19, 2011

Zona do Euro sem Strauss-Kahn.

Quanto vi Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e possível candidato à presidência da França, sendo levado algemado pela polícia, foi embaraçosa e preocupante. Parecia até o Brasil. (Desculpem a piada. Aliás, alguém se lembra de alguma autoridade exposta presa e algemada aqui no Brasil?)
Mas vamos deixar a justiça o que é da justiça e esperar que o correto prevaleça. Mas, caso o Sr. Strauss-Kahn, profissional competente, seja inocentado, o incidente projetará uma longa sombra.
Quando Strauss-Kahnfoi indicado e nomeado como diretor-gerente do FMI, tive minhas dúvidas sobre a nomeação. Primeiro ponto por ser mais um francês no comando do FMI. Segundo, por sua origem vir da política. E terceiro, devido aos seus fundamentos econômicos. Pois bem, eu estava errado. Ele se revelou o homem certo no lugar certo na hora certa, ousando na tomada de decisões, um político eficaz e um economista competente. Essa combinação é muito rara. Provavelmente, nenhum dos candidatos em discussão se desincumbiria da missão como ele o fez durante a pior fase da turbulência econômica mundial e, depois, das crises financeiras na zona do euro.
Esperava-se Strauss-Kahn concorrendo à presidência da França e consequetemente, sua vitória. Reconhecidamente possuidor de recursos ausentes no atual presidente francês, Nicolas Sarkozy, Strauss-Kahn com seu peso intelectual e político aliado a sua credibilidade, principalmente perante as autoridades governamentais da principal potência europeia, Alemanha, traria uma real transformação na capacidade da zona do euro de administrar sua atual crise interna. Uma das poucas altas autoridades econômicas europeias a quem os dirigentes alemães, particularmente a chanceler Angela Merkel, davam atenção, Strauss-Kahn em momentos cruciais foi capaz de reunir os europeus, produzindo consenso até em um governo alemão dividido. Não consigo imaginar quem poderia substituí-lo.
Inevitavelmente, já há muita discussão sobre quem poderia substituir Strauss-Kahn no FMI. É fácil lembrar tecnocratas competentes em todo o mundo. É também possível pensar em personalidades politicamente eficazes. Ninguém combina essas facetas gêmeas como ele. Nosso ex-presidente do Bacen, Henrique Meirelles, já foi fortemente cogitado à função, mas a questão da nacionalidade também se coloca. Os europeus insistirão em que seja outro europeu, possivelmente Christine Lagarde, atual ministra das Finanças francesa e principal rival de Meirelles para o cargo. Para os países emergentes (Brasil), é fundamental que se tenha uma pessoa do calibre de Meirelles, respeitado pelo mercado, conhecido e reconhecido internacionalmente e competência técnica e política indiscutível. Mas, dado o papel central desempenhado pelo FMI agora na zona euro como fonte de financiamento é difícil imaginar que os europeus abririam mão de ter o controle do orgão, principalmente para os que antes eram seus devedores e agora são seus credores. Desconfio que os EUA os apoiariam, e, nesse caso, terão os votos necessários.

A queda de Strauss-Kahn acontece em um momento importante. O programa grego não funcionou como planejado e nada fazia crer que funcionaria ou funcionará. Portugal, com seu programa de € 78 bilhões, parece tanto ou mais provável que também falhe. A Espanha está longe de garantir irá conseguir administrar os ajustes que tem pela frente. Além disso, como revela o FMI em uma nova análise da conjuntura europeia, o extremamente alavancado sistema bancário da zona do euro permanece vulnerável. Recuperada mesmo, por enquanto, a Irlanda. Será?
Os fundamentos econômicos da crise são claros e conhecidos. Quando tudo funcionava, o mundo crescia e todos estavam felizes, empresas e países tomavam empréstimos em condições mais favoráveis do que nunca, se alavancavam, confiando em um período de crescimento longo e sem solavancos. Resultado?
A crise chegou, o crescimento acabou e...o dinheiro sumiu. A conta parou de bater, começou a ficar no vermelho, também chamado de déficits em conta corrente. Esses déficits, que em nada tinham a ver com déficits fiscais, como diziam os alemães, foram o principal indicador da crise. As contrapartidas domésticas desses déficits externos poderiam ser enormes déficits fiscais (como na Grécia), enormes déficits financeiros privados (como na Irlanda e na Espanha) ou uma combinação dos dois (como em Portugal).
De fato, agora sabemos que a distinção entre déficits e endividamento privados e entre déficits e endividamento públicos é muito menos absoluta do que no entendimento dos sacerdotes fiscais: dívida privada torna-se dívida pública e déficits privados tornam-se déficits públicos muito rapidamente. Em meio a uma crise, grandes déficits externos também resultam em "paradas súbitas" no afluxo de financiamento externo, daí a necessidade de suporte oficial para financiar os déficits em conta corrente e fiscal em curso e a fuga de capitais. (Te lembra algum país tropital, ali na América do Sul?))
Um país com um setor privado sobrecarregado de dívidas que esteja também tentando reduzir seu enorme déficit fiscal estrutural precisa gerar uma melhoria compensadora em sua conta corrente. Isso é uma questão de lógica. Consideremos Portugal. Segundo o FMI, o país teve um déficit em conta corrente equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado, um déficit fiscal de 7% do PIB e, portanto, um déficit implícito do setor privado igual a 3% do PIB. Para que o déficit orçamentário possa ser melhorado sem elevar o déficit do setor privado, a conta corrente precisa melhorar substancialmente. Mas isso implica aumento de competitividade. O desafio de competitividade com que se confrontam esses países é muito maior do que o enfrentado pela Alemanha no fim dos anos 1990.
Independentemente do ajuste financeiro, alguém precisa também arcar com os prejuízos decorrentes de incobráveis concessões e tomadas de empréstimos passados. Em seu descortino, a zona do euro decidiu que o prejuízo dos credores do setor privado deve ser socializado e que o ônus recaia sobre os países deficitários. Os contribuintes, então, sofrerão, primeiro recessão, e depois, anos de austeridade fiscal. A justificativa para tudo isso é a visão fortemente assumida, particularmente pelo Banco Central Europeu (BCE), de que a zona do euro não pode dar conta de eventuais calotes, seja no caso de empréstimos a bancos ou de empréstimos a governos. Mais uma vez, dissolve-se a distinção entre dívida pública e privada.
Mas o problema com a estratégia de impor o ônus aos contribuintes em países tomadores de empréstimos é que provavelmente não dará certo. Como uma proporção cada vez maior dos financiamentos acaba em fontes oficiais, é provável que elas acabem arcando com os custos politicamente explosivos quando as dívidas são perdoadas. Alguma "participação do setor privado", ou pelo menos alongamentos de prazos de vencimento serão também necessários. Assim, também precisará haver cancelamento de empréstimos a bancos falidos e subsequente recapitalização de instituições financeiras abaladas.
Esse tipo de crise é de difícil solução. Como deveria ser financiado o ajuste? Quem deveria arcar com os prejuízos? Como deveria ser minimizado o pânico? Os desafios são enormes. A estratégia atual exige cada vez maior financiamento oficial por períodos cada vez mais amplos. Será viável? Se não, alguém precisará repensar a questão. Sem Strauss-Kahn, eu me pergunto, quem agora será capaz de apontar o caminho.

abril 12, 2011

O BACEN E O CÂMBIO

Muitas pessoas me perguntam para que serve o Banco Central? E para quem?

Acho que a primeira coisa a ser explicada é para que e para quem serve o Bacen aqui no Brasil.
     Imagine o cenário onde uma empresa cresce a tal ponto que é obrigada a contratar uma consultoria financeira, como a MSF Economic Consulting, para gerir os ganhos e gastos da sua empresa, de forma racional, mantendo a estabilidade da empresa, mesmo em época de turbulência.
Esta é uma visão microeconômica do papel do Bacen na economia. Porém, macroeconomicamente, o papel da MSF EC é desempenhado pelo Bacen, a empresa é a economia do país e os ganhos e gastos são os valores arrecadados através de operações de venda de títulos e câmbio, compulsórios, repasses da União e orçamento aprovado no congresso e autorizado pelo Presidente da Repúlica, atualmente Presidenta.
O Banco Central é uma autarquia Federal integrante do Sistema Financeiro Nacional, vinculada ao Ministério da Fazenda do Brasil, atualmente presidido Alexandre Antonio Tombini, economista e funcionário de carreira do próprio Bacen.
O Bacen foi criado em 1964, herdando os serviços anteriormente prestados pela Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), Banco do Brasil (BB) e o Tesouro Nacional, e ganhou “autonomia” a partir de 1988 através da Constituição Federal. Seu principal objetivo é administrar a política econômica, garantindo estabilidade financeira e o poder de compra da moeda. Também é de sua responsabilidade definir as políticas monetárias e regular e fiscalizar o sistema financeiro local.
O Bacen possui inumeras ferramentas para manter o equilibrio dentro de um mercado tão complexo como o Brasileiro. Aproveitando que o tema câmbio esta em destaque, devido a crescente valorização do Real frente ao Dolar, achei interessante publicar entrevista do gerente técnico regional da área de câmbio e capitais internacionais do Banco Central, com 30 anos de experiênica, e atual consultor de câmbio e capitais internacionais da Advanced Corretora de Câmbio Ltda, Sr. João Carlos Gimenez, concedida ao Site Câmbio Market Now.

Fonte: Site Câmbio Market Now. - Periódico Semanal – Ano II – SP – Abril de 2011 – Artigo Especial (http://wiki.advfn.com)

Site CMN – Quais as principais ferramentas disponíveis pelo BC para as operações de câmbio e como elas funcionam?

JC - O Banco Central é o formulador e executor das políticas monetária e cambial do País. Considerando o sistema atual de livre flutuação da taxa de câmbio, pode-se afirmar que a política cambial hoje é tratada no contexto da política monetária como um todo.
Diferentemente do passado, onde prevaleciam os  rígidos controles cambiais e os  regimes de administração e monitoramento da taxa de câmbio, tem procurado o Banco Central simplificar e flexibilizar regras e procedimentos de natureza cambial, buscando a modernização da regulamentação de câmbio, visando sua equiparação ao que se pratica nos países desenvolvidos.
Num regime de flutuação da taxa de câmbio, não se admite, como regra, restrições para troca de moeda estrangeira por moeda nacional e vice-versa. É forçoso reconhecer que o Banco Central brasileiro vem atuando fortemente nos últimos anos no sentido de eliminar entraves e restrições impostas no passado nas operações cambiais. Destacam-se nesse particular, a unificação do mercado de câmbio em 2005, o fim do controle cambial nas exportações e importações brasileiras, a possibilidade do exportador manter seus recursos no exterior, o uso dos reais nas transações internacionais, etc.
É lícito afirmar, portanto, que a maior ferramenta que o BC hoje dispõe é o regime cambial vigente, onde é possível caminhar no sentido da modernização cambial, o que no final resulta em redução do custo de transação, maior inserção das empresas no cenário internacional, aumento da credibilidade do País no mundo. Isto nós já estamos podendo ver e sentir no dia a dia, com o fortalecimento da nossa economia, com constantes reduções do risco País pelas agências internacionais de rating. 
Ressalto finalmente a criação pelo Bacen do regime de câmbio SIMPLIM e SIMPLEX que consiste em uma significativa facilitação do processo para contratação de câmbio tanto pelo importador pelo exportador, dentro do limite de 50 mil dólares por operação. 
Tal contratação que era restrita aos bancos autorizados a operar no cambio foi estendida aos corretores de cambio que ate entao só poderiam fazer a intermediação da operação.Essa medida, de pronto ofereceu uma sensível redução de custos operacionais tanto pela simplificação que oferece como pela ampliação dos players do mercado, estes últimos, as corretoras, direcionado seu foco principalmente para os pequenos e medios importadores.

Site CMN – Onde o BC poderá ajudar ou orientar uma empresa que pretende iniciar a importação ou exportação de algum produto?

JC - Importante, primeiramente, entender como funciona o comércio exterior brasileiro, que é regulamentado e monitorado por basicamente três órgãos governamentais, atuantes nos seguintes níveis

.MDCI, responsável pelos aspectos comerciais .
.RFB, responsável pelos aspectos aduaneiros .
.BCB, responsável pelos aspectos cambiais.

Como se observa, o BCB atua na regulamentação dos pagamentos e recebimentos das nossas importações e exportações, respectivamente, não tratando de questões comerciais, o que me parece é o caso.
       O MDIC tem em sua página orientações específicas para empresas que estão iniciando no comércio internacional, me parecendo ser mais apropriado buscar auxílio nesse sentido junto ao mesmo. O BCB pode especificamente orientar as empresas como efetuar ou receber pagamentos internacionais. Nessa linha a regulamentação do BCB hoje disponível em sua página, no RMCCI oferece orientações bastante claras que podem ajudar as empresas nesse particular. Recomendo consultá-las.

Site CMN – Em relação as recentes mudanças em nossa política cambial, quais você acredita ser mais significativa para o setor e por que?

         JC - Sem sombra de dúvida, a flexibilização de regras e procedimentos cambiais. Só para se ter uma idéia, até 2006 todo o exportador e importador era obrigado a vincular cada contrato de câmbio a um registro de exportação e importação. Considerando a grande quantidade de operações existentes diariamente, os custos de transação eram enormes, além das estruturas administrativas que cada empresa tinha que ter para executar essas tarefas.
       Além disso, como o BC cobrava multas por meio de processos administrativos pelos descumprimentos detectados, as empresas também tinham que ter a seu dispor permanentemente escritórios de advocacia ou deparamentos jurídicos para acompanhar esses processos, também com altíssimos custos.
       A simplificação cambial conduzida pelo BCB eliminou tudo isso, com benefício final às empresas nacionais, contribuindo para o aumento da competitividade no setor externo. Isso sem falar na agilidade e maior rapidez no trâmite dos negócios, que não mais dependem de interferência governamental, prévia ou posterior.
       Importante ressaltar que isso não eliminou responsabilidade de outras   naturezas, especialmente de ordem tributária, legitimidade e legalidade da transação com o exterior e quanto à identificação do cliente e  da origem lícita dos recursos.
Esses são apenas alguns exemplos, muitas outras simplificações foram realizadas, com os consequentes benefícios

Site CMN – Como você imagina o cenário de câmbio brasileiro nos próximos 5 anos?

          JC - Imagino a continuidade do regime de câmbio flutuante, não obstante os desequilíbrios nos fluxos de capitais que estamos assistindo atualmente, que têm afetado as políticas econômicas de todos os países emergentes.
        Imagino também que o País estará com o setor externo cada vez mais consolidado, com o País cada vez mais   inserido no cenário internacional, com as regras cambiais cada dia mais próximas do que se pratica no mundo, ou seja, com plena liberdade para ingresso e saída de moeda estrangeira.
       Não se pode esquecer, tamém,  que e real é uma moeda que vem cada dia mais tendo aumentando seu grau de aceitabilidade, quem sabe nos próximos cinco anos tenhamos uma moeda com aceitação ainda maior no mundo, preparando para alcançar um nível maior de conversibilidade. Este é um sonho que acredito o País e todos nós possamos ter.

março 04, 2011

Crescimento do PIB em 2010 não é sustentável em 2011

Autor: Daniel Miraglia

O crescimento de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2010, a maior alta desde 1986, divulgado hoje pelo IBGE, está em linha com as expectativas do mercado e reforça a tese de superaquecimento da economia brasileira no ano passado. Na análise do professor de finanças da BSP (Business School São Paulo) Daniel Miraglia, fica evidente que, pela crescente pressão inflacionária, verificada desde o último semestre de 2010, o nível de crescimento econômico não é sustentável sem ocasionar um desequilíbrio entre a oferta e a demanda que acaba por pressionar para cima os preços.

"Será necessário trazer as expectativas inflacionárias do mercado bem mais para baixo para evitar uma reindexação forte de preços e salários na economia brasileira. Na tentativa de conter esse desequilíbrio, o Copom, pela segunda vez consecutiva no ano, elevou a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. Este aperto monetário aliado a uma política fiscal também mais restritiva e às medidas de restrição ao crédito e aumento do compulsório, devem fazer com que a economia brasileira volte para taxas de crescimento ao redor de 4% agora em 2011", na opinião do economista. "É provável que este não seja o último aumento da Selic este ano, dado que a inflação está na banda superior da meta do Banco Central, que tem como desafio abaixar a meta de inflação para o ano de 20 12.

Para Daniel Miraglia, o crescimento econômico de 2010 pode ser explicado, em grande parte, pelas medidas tomadas pelo governo e pelo Banco Central em 2009 para combater a então crise dos mercados financeiros mundiais, quando houve aumento de gastos públicos, redução de impostos, expansão do crédito e redução das taxas de juros. "Essas medidas ocasionaram uma acelerada expansão do consumo interno, especialmente das famílias das classes chamadas C e D. Outro fator que pesa bastante na magnitude do número é a base de comparação baixa de 2009", afirma o economista.


 * Daniel Miraglia é economista formado pela Universidade de São Paulo, onde em 1994 ganhou o prêmio e Excellence Prize. Cursou especialização em finanças e private banking pela Euromoney Institute of Finance. Com mais de 17 anos de experiência, já atuou no Banespa S/A Corretora de Câmbios e Títulos, Lloyds TSB Bank, Banco Safra, O2 Filmes e Estúdios Mega. Atualmente é professor de finanças, economia de empresas e análise financeira de investimentos na BSP e consultor em cenários empresariais na Eyesonfuture.

fevereiro 15, 2011

"Guerra cambial": Um resumo das origens e uma avaliação das perspectivas

Autor: Daniel Passos Miraglia*

Introdução

Este artigo abordará um tema antigo na ciência econômica e que tem recebido crescente destaque na mídia recentemente. A chamada "Guerra Cambial" é hoje assunto de destaque nos principais centros de excelência e inteligência econômica do mundo inteiro. Desde meus primeiros passos no mundo do estudo dos mercados e da ciência econômica que procuro, dentro do possível, dar atualidade ao passado. Isso significa estudar o passado com a intenção de entender como aquelas antigas experiências e dinâmicas podem nos ajudar a desvendar alguns dos mistérios e desafios do presente. Com esta estrutura lógica, procuro resumir neste artigo meu entendimento sobre as origens do problema cambial e aponto possíveis perspectivas para esta questão tão complexa. Declaro desde já que pela definição de complexo, entendo algo que não tem uma solução pré-estabelecida, muito menos linear, cartesiana ou binária. Na realidade, quanto mais estudo o assunto, mais fica evidente que a solução de maior valor agregado para a economia mundial passa pela complexidade da elaboração de um novo sistema monetário internacional, possivelmente com a criação de uma moeda única de reserva de valor. Algo parecido com o que foi o padrão ouro, porém com adaptações deste regime aos mercados de câmbio e de capitais internacionais modernos.

Origens

Vale a pena começarmos por relembrar um pouco da história econômica das taxas de câmbio, dos padrões de troca internacional, da criação do FMI e a própria história das moedas. O FMI foi formalmente criado em fins de 1945 e concebido logo após o chamado acordo de Bretton Woods (1944). O objetivo do fundo era a estabilização das taxas de câmbio e a reconstrução do sistema monetário e de troca internacional no período pós-guerra. Os países fariam contribuições periódicas para este fundo e quando algum país entrasse em dificuldade poderia tomar dinheiro emprestado deste fundo a taxas mais baixas. O fundo tinha por objetivo fortalecer a cooperação monetária internacional, facilitar o comércio entre os países, assegurar a estabilidade dos mercados monetários internacionais, reduzir a pobreza global e promover o aumento do bem estar das populações dos países membros.
De 1819 até 1933, o mundo viveu formalmente sob o regime monetário internacional chamado de "Padrão Ouro". Neste sistema monetário não existiam taxas de câmbio entre as moedas, somente as taxas de câmbio entre a moeda de cada país e o ouro e todas as transações internacionais tinham que ser obrigatoriamente feitas em ouro. Além disto, toda vez que um país fosse superavitário no Balanço de Pagamentos (superávit comercial + de serviços e de capitais) entrava ouro neste país, e este era obrigado (pelo Padrão Ouro) a emitir moeda na mesma proporção do ouro que entrava. Esta emissão de moeda gerava inflação dentro do país superavitário e com isso tornava seus produtos mais caros para o resto do mundo. Naturalmente (por causa da inflação interna) este país passaria a exportar menos e importar mais (produtos, serviços e capitais), o que reduziria seus superávits no balanço de pagamentos. O "Padrão Ouro", portanto, criava uma dinâmica de equilíbrio natural no sistema monetário internacional e distribuía de forma mais suave e equilibrada a riqueza das nações.
Ao término da primeira guerra mundial existiam enormes desequilíbrios financeiros entre os diversos países do mundo, acarretando um aumento exagerado da volatilidade das moedas, inflações agudas em vários países da Europa e os primeiros rompimentos com o "Padrão Ouro". O período entre as duas grandes guerras foi um período de choque para o Padrão Ouro, vários países abandonaram a convertibilidade em ouro de suas moedas na tentativa de reativar e reconstruir suas economias de forma mais rápida.
Quando terminou a segunda guerra mundial, praticamente todos os países desenvolvidos estavam com as suas finanças internas destruídas e precisavam se reconstruir. O único país desenvolvido em situação privilegiada eram os EUA, superavitários na época, enquanto praticamente todo o resto do mundo era deficitário. A guerra ocorreu em terras europeias, longe dos Estados Unidos da América. Os EUA e a Inglaterra, grandes vencedores da guerra, decidiram então assumir a reponsabilidade de criar um novo sistema monetário internacional para reequilibrar os fluxos de capitais, produtos e serviços no mundo. No famoso "Acordo de Bretton Woods", os EUA se comprometiam a fixar o valor do dólar contra o ouro em USD 34 a onça e o dólar viraria moeda de reserva para todos os outros países do mundo. Em última instância, os EUA garantiam que qualquer um que tivesse dólares poderia trocar por ouro a uma taxa fixa de 34 dólares a onça. Nasceu ali o primeiro esboço do padrão "Fiduciário" de cambio internacional, que é o padrão existente até hoje. Além disto, conforme dito acima, foram criados o FMI e o Banco Mundial. Ao mesmo tempo em que romperam com o padrão ouro, os EUA emprestaram dinheiro (dólares, não ouro) para os países europeus se reconstruírem após a guerra. Exatamente por este motivo, dólares passaram a circular pelo mundo como moeda forte nessa época e se tornaram o grande padrão de referência entre as moedas do mundo. O rompimento efetivo com o Padrão ouro se deu em 1971, quando Nixon quebrou a conversibilidade dólar-ouro devido a crescente inflação americana e quando entramos efetivamente no modelo fiduciário puro, com o fim das moedas de reserva lastreadas em ouro.
No padrão fiduciário não existem mais as regras do padrão Ouro, o comércio pode ser feito em qualquer moeda e não existe mais a obrigatoriedade de se emitir moeda toda vez que se tem grandes superávits contra o resto do mundo. O que passou a valer é a livre flutuação das taxas de câmbio entre as diferentes moedas do mundo. O grande problema é que este sistema não gera necessariamente um equilíbrio no mercado internacional, como fazia o "padrão ouro" e beneficia os países superavitários, fazendo com que a riqueza das nações cada vez mais se acumule nestas economias.
Enquanto os EUA eram superavitários (até meados da década de 80) o poder de influência do FMI no sistema monetário internacional era razoavelmente grande, uma vez que os EUA são o maior cotista deste fundo. A partir de fins da década de 80 os EUA se tornaram uma grande máquina de produção de déficits comerciais crescentes, principalmente contra a China e outros países asiáticos, conforme mostram os gráficos ao fim deste parágrafo. Esses crescentes déficits vem sendo financiados através da emissão de dólares por parte dos EUA que não causam inflação interna, pois vão para fora dos EUA. O dólar é uma das poucas moedas que é aceita no mundo todo. Vários países, inclusive, acumulam reservas em dólares até hoje, considerando o dólar uma moeda de reserva como era o ouro.


Sem o poder de equilíbrio do padrão ouro e com o dólar sendo aceito como moeda de troca e de reserva no mundo todo nada impediu a escalada cada vez maior da emissão de dólares e dos déficits comerciais e no balanço de pagamentos dos EUA. A criação do EURO foi uma tentativa de acabar com esta "hegemonia" do dólar e em grande parte reduziu a demanda por dólares no resto do mundo e criou uma das bases explicativas da crise dos mercados financeiros e monetários que vimos em 2008/2009.
A China, por outro lado, é o grande superavitário dos dias atuais. Aproveitou a falta de regulamentação no mercado monetário internacional para manter a sua moeda realmente desvalorizada e acumular crescentes superávits no balanço de pagamentos, conforme mostra o diagrama abaixo.

As origens da chamada guerra cambial, portanto, estão na história do regime monetário internacional e na extrema complexidade em se desenvolver um sistema que efetivamente tenda a operar próximo de um nível "ótimo" de equilíbrio no mercado de câmbio e de capitais internacional, maximizando o comércio internacional e a riqueza das nações como um todo e reduzindo a volatilidade das taxas de câmbio no mundo. Este é um dos objetivos principais do FMI e a razão de sua criação. O grande problema é que o FMI nunca conseguiu de fato fazer este papel, que antes era desempenhado naturalmente pelas forças do mercado e dentro das regras do "Padrão Ouro".


Perspectivas

Para caminharmos em direção a uma solução equilibrada para o regime monetário internacional será necessário um intenso e profundo debate no mundo das ideias econômicas. Será necessário um verdadeiro "brain storm" entre os grandes pensadores econômicos, sociais, ambientais, jurídicos e políticos da atualidade, na busca de um novo padrão de funcionamento da economia mundial. Não existem aqui soluções simples ou já inventadas, trata-se mesmo da necessidade de elaboração e criação de um novo padrão de funcionamento para a economia mundial. O processo de criação nas ciências econômicas não é rápido, não é binário e exige um grande esforço político.
Não vejo a China como a grande vilã desta história. Acredito que a China tem se aproveitado de um sistema monetário internacional falho, criado durante o acordo de Bretton Woods, quando os EUA eram superavitários e, portanto, grandes beneficiários deste sistema de câmbio internacional que eles mesmos criaram. Sem dúvida o Yuan está desvalorizado e mantém o superávit comercial da China crescente, mas a China está simplesmente operando um sistema monetário internacional criado pelos próprios EUA. Além disto, o financiamento destes déficits crescentes dos EUA, através da emissão de dólares, tem criado uma enorme pressão sobre o próprio dólar contra as outras moedas do mundo, como o Euro e o Real por exemplo. Ou seja, no caso Brasileiro, a raíz do problema e do desequilíbrio pode estar no dólar mesmo e não no Yuan, uma vez que o Yuan é atrelado ao dólar e o dólar está caindo frente ao Real.
Hoje o FMI não tem o poder de influência que tinha no passado e não existe nenhuma norma internacional que obrigue os países a obedecer às regulamentações do fundo. Resta, portanto, ao FMI apenas estudar e sugerir mudanças nas taxas de câmbio no mundo, mas não existe hoje forma pela qual o FMI possa resolver este problema sem a reinvenção do sistema monetário internacional e a redefinição das participações de cada economia na riqueza das nações e no próprio FMI. Daí o aumento das cotas de participação de alguns países emergentes no fundo (decidido agora em 2010 e já previsto em outro artigo que escrevi em meados de outubro/2010). O FMI terá que ser reinventado, com crescente participação de todas as nações do globo em suas decisões e cotas.
A ideia de voltar para um regime parecido com o do padrão ouro parece tentadora, porém, este regime torna a política monetária endógena, ou seja, tira das mãos dos bancos centrais a possibilidade de controlar a oferta de moeda nas economias e, portanto, de praticar uma política monetária ativa para suavizar ciclos recessivos e maximizar ciclos de crescimento. Este seria um dos principais pontos contra uma volta ao padrão ouro.
Durante as reuniões em Bretton Woods, uma proposta alternativa àquela implementada no acordo, desenvolvida por John Maynard Keynes (líder da delegação inglesa durante o acordo de Bretton Woods), chama bastante atenção e pode trazer um pouco mais de luz sobre as perspectivas para a questão. Na proposta de Keynes, seria criada uma moeda internacional denominada "Bancor", representando uma certa quantidade de ouro, que deveria ser usada só por governos ou bancos centrais para efetivação das transações internacionais. Cada governo deveria fixar o valor de sua moeda em termos de unidades de Bancor. Seria permitida uma mudança, inferior ou igual a 5%, na paridade entre moeda nacional e a moeda internacional, quando o país apresentasse substanciais déficits no balanço de pagamentos por um período de dois anos. A União de Compensações Internacionais, que seria criada, emitiria o Bancor e seria onde os países superavitários depositariam Bancors e os deficitários tomariam empréstimos em Bancors. Haveria um limite de recursos que cada país poderia obter dessa instituição internacional e o país que excedesse esse limite seria punido. Para Keynes, o ajuste do sistema seria responsabilidade dos países credores, pois eles não poderiam acumular reservas internacionais. Eles teriam que emprestar suas reservas excedentes ou aumentar suas importações ou, ainda, aceitar discriminação contra suas exportações.
Apesar da proposta de Keynes não ter sido a escolhida durante as reuniões em Bretton Woods, ao ler Keynes somos automaticamente levados a pensar na possibilidade de criação de um banco central mundial e no início do processo de criação de uma moeda única global. Apesar de Keynes não ter dito isso claramente, sem dúvida ele deixou a sensação de que falava de algo neste sentido como solução para os desequilíbrios no mercado monetário internacional. Os EUA preferiram implementar o padrão ouro-dólar, por serem beneficiados diretamente por este padrão, mas parece-me que Keynes já estava pensando em uma solução mais equitativa e equilibrada no longo prazo.
O fato de que não estamos hoje em meio a uma grande crise, mas sim na fase de recuperação gradual de uma delas, não ajuda muito no sentido de urgência para que medidas tão profundas e radicais sejam efetivamente tomadas. Os governos de todo o mundo tendem a ter uma postura reativa às crises e não de tomar as medidas necessárias para que estas não ocorram. Ou seja, caso hoje estivéssemos vivendo uma crise financeira, como a que vivemos em 2008/2009, a probabilidade de avanços nesta área no curto prazo seriam maiores. O mais provável, no entanto, é que medidas e reformas deste tipo fiquem a espera da próxima grande crise que deve mesmo ser a crise resultante da chamada guerra cambial e/ou o recrudescimento da mesma crise que abalou os mercados em 2008 e cuja próxima fase tende a ser a do protecionismo cada vez mais forte por parte de todos os países do globo, inclusive os EUA, como forma desesperada de proteger as suas riquezas.

Conclusão

A luz de todo o processo e história da moeda no mundo que resumi neste artigo, vejo claramente que existem graves desequilíbrios cambiais no sistema monetário internacional e que a riqueza das nações desde "Bretton Woods" não tem fluído de forma sustentável e estável no mundo. Não adianta, na minha visão, achar um ou dois culpados nessa história. Não adianta pintar a China de vilã, pois isso só vai aumentar o protecionismo internacional, provavelmente agravando e tornando mais forte a guerra cambial. Será necessário um processo de reformulação e reinvenção do sistema monetário internacional que só é possível através da participação efetiva de todos os envolvidos, através da redistribuição das cotas dentro do FMI e da redefinição do papel do FMI. Um dos possíveis caminhos no longo prazo será a criação de um Banco Central Mundial, como único banco central com poder de emitir moeda de reserva para o mundo todo e mais a frente ainda a abertura dos complexos caminhos para a criação de uma moeda única no mundo. Possivelmente o sistema monetário internacional tenha que passar antes disto por uma fase intermediária, funcionando em um sistema parecido com o proposto por Keynes durante as reuniões de Bretton Woods e descrito acima, para só depois caminhar para uma verdadeira unificação monetária. Antes disto, no entanto, no curto prazo, as perspectivas parecem ser de um aumento no protecionismo de forma generalizada no mundo todo.
Referências:
1.      John Kenneth Galbraith - Moeda: de Onde Veio, para onde foi
2.      Affonso Celso Pastore - Guerra cambial: como reagir?; O Estado de S. Paulo, 07/11/10; disponível em http://www.eagora.org.br/arquivo/guerra-cambial-como-reagir/
3.      Fernando J. Cardim de Carvalho - Bretton Woods aos 60 anos; disponível em          http://www.ie.ufrj.br/moeda/pdfs/bretton_woods_aos_60_anos.pdf
4.      Macroeconomia – Rudiger Dornbush e Stanley Fisher
5.      US Bureau of Economic Analysis; http://www.bea.gov/index.htm
7.      World Bank; http://www.worldbank.org/

* Daniel Miraglia é economista formado pela Universidade de São Paulo, onde em 1994 ganhou o prêmio e Excellence Prize. Cursou especialização em finanças e private banking pela Euromoney Institute of Finance. Com mais de 17 anos de experiência, já atuou no Banespa S/A Corretora de Câmbios e Títulos, Lloyds TSB Bank, Banco Safra, O2 Filmes e Estúdios Mega. Atualmente é professor de finanças, economia de empresas e análise financeira de investimentos na BSP e consultor em cenários empresariais na Eyesonfuture