O crescimento de 4,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010 veio em linha com as expectativas do mercado e reforça a projeção de um crescimento acumulado no ano de 2011 entre 3,5% e 4%. O resultado do PIB no primeiro trimestre de 2011 ainda não reflete inteiramente as medidas de aperto monetário adotadas pelo BACEN desde o inicio de 2011. A alta da Selic, que saiu de 10,75% no inicio do ano para os atuais 12%, as medidas de restrição ao crédito e aumento do compulsório demoram algum tempo para aparecer com mais clareza nos números do PIB. Isso deverá ser verificado com mais intensidade no PIB do segundo e do terceiro trimestre do ano.
O BACEN tem sido eficiente na tarefa de trazer as expectativas de inflação para os próximos 12 meses de volta para o centro da meta que é de um IPCA de 4,5% ao ano. Apesar destas mesmas expectativas ainda estarem em 5%, elas vem caindo com consistência. Já existe, portanto, uma sinalização de que o pior do aperto monetário pode ter ficado para trás, restando talvez mais 0,25% ou 0,5% de alta na Selic até que o ciclo esteja completo. O grande risco para a inflação agora são os dissídios coletivos que ficam concentrados no segundo semestre do ano e que podem trazer um alto nível de indexação da inflação verificada nos últimos 12 meses. Os empresários não tem margem suficiente para absorver os aumentos que serão concedidos nos dissídios sem repassar isso aos preços finais e temos, portanto, um risco real de reindexação de preços e salários na economia brasileira.
É interessante notarmos que os níveis de crescimento do PIB verificados em 2010, de 7,5%, não são sustentáveis sem um aumento expressivo dos índices de inflação. Isso reforça a tese de que o crescimento potencial da economia brasileira ainda se encontra entre 4% e 5% ao ano. Para que o PIB potencial (taxa de crescimento sem inflação) do Brasil suba será necessário enfrentar com seriedade as reformas fiscal e tributária, pois isso aumentaria de forma significativa a produtividade da economia brasileira, possibilitando maior crescimento da oferta para suportar um incremento maior que 5% na demanda.
* Bacharel em Economia pela FEA-USP.Premiação: Excellence Prize de Economia USP 1994 - 1º prêmio conferido pelaFaculdade de Economia e Administração da USP por melhor tese de Bacharelado,com o Tema: "Plano Real: Origens e Perspectivas". Especialização emFinanças e Private Banking pela Euromoney Institute of Finance. Possui mais de18 anos de experiência profissional no mercado financeiro e 4 anos em cargos deliderança no setor real da economia. Trabalhou na Banespa S/A Corretora de Câmbiose Títulos (Economista); Lloyds Bank plc. (Divisão de Investimentos); BancoSafra S/A (Trader posição proprietária offshore, englobando investimentos nosEUA, Europa, Brasil, Rússia, Venezuela e México); Produtora O2 Filmes (Diretor/CFO);Estúdios Mega (Diretor/CFO); Banco Safra S/A (Tesouraria - Área de capitalpróprio do banco). Atualmente é Professor de Finanças, de Economia e de Matemáticae Estatística Aplicada, Consultor e Sócio da Eyesonfuture (Empresaespecializada em cenários e estratégias empresariais) e Wealth ManagementAdvisor.
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